A UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) prevê lançar a 6 de Maio, dia Mundial da Língua Portuguesa, o livro “Literatura e Cultura em Tempos de Pandemia”. Esta obra resulta de um desafio lançado a escritores e agentes culturais de todos os países de Língua Oficial Portuguesa, para elaborarem um texto (em prosa ou poesia) a propósito da pandemia que está a afectar, de forma traumatizante todo o mundo e, de modo especialmente profundo, o sector cultural.
Este livro é assim o produto das contribuições de 75 autores, a quem a UCCLA “muito agradece”, desde laureados com o Prémio Camões (como Manuel Alegre, Mia Couto e Germano Almeida), a escritores que se começam a afirmar no domínio das letras. São cerca de 40 escritores e 35 escritoras, naturais dos países de língua oficial portuguesa, a que se juntam escritores da Galiza e Olivença/Espanha, Goa/Índia e Macau/China.
O livro conta com a apresentação do Secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho, e com um texto de investigação e contexto histórico sobre as pandemias no Mundo, de Rui Lourido. A obra será distribuída nas livrarias portuguesas com a chancela da Guerra e Paz Editores.
De entre as mensagens veiculadas pelos textos, agora em publicação, destaca-se a de esperança na capacidade de resistência à pandemia, como faz “o mais velho”, o decano dos poetas – Manuel Alegre, no poema que nos oferece:
“Lisboa ainda
Lisboa não tem beijos nem abraços
não tem risos nem esplanadas
não tem passos
nem raparigas e rapazes de mãos dadas
tem praças cheias de ninguém
ainda tem sol mas não tem
nem gaivota de Amália nem canoa
sem restaurantes sem bares nem cinemas
ainda é fado ainda é poemas
fechada dentro de si mesma ainda é Lisboa
cidade aberta
ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste
e em cada rua deserta
ainda resiste.”
O presente texto corresponde à Nota de Imprensa fornecida pela UCCLA.